A realidade social mudou e com ela surge a necessidade de adaptar as escolas, as famílias, a sociedade em geral a essas novas realidades sociais. Muitas vezes verificam-se situações de agressividade e violência nos modos de interagir dos indivíduos. É, por isso, fundamental desenvolver nos diversos contextos uma educação para a convivência e para a gestão das emoções e que seja também potenciadora de uma cultura de convivência pacífica e sã.
Abordar o desafio e os conflitos através de métodos baseados nos princípios da mediação de conflitos cria um paradigma novo de ação, no qual o conflito é encarado como uma dimensão natural das relações interpessoais, como uma oportunidade de desenvolvimento e crescimento pessoal, permitindo, assim, a construção de soluções mais positivas e eficazes. Este trabalho implica o autoconhecimento ao nível do que são as emoções, os pensamentos e ações que sustentam o comportamento de cada um/a em situações de adversidade.
As vantagens dos dispositivos de mediação surgem evidenciadas na literatura, reforçando a eficácia deste paradigma na emergência de estratégias construtivas de resolução de conflitos, em detrimento de estratégias agressivas, impositivas ou punitivas.
A Aula de Convivência (adaptada e traduzida de Consejería de Educación, Junta de Andalucía, 2007) enquadra-se neste paradigma de ação e insere-se nos dispositivos de mediação que atuam em contexto educativo. A Aula de Convivência é composta por um workbook orientado para crianças e jovens e que aborda diversas áreas temáticas ligadas à convivência, à literacia emocional, à gestão eficaz das emoções, permitindo o desenvolvimento de diferentes competências não cognitivas, através de uma reflexão sustentada e orientada por um adulto. O potencial educativo da Aula de Convivência advém da estratégia de ensinar e de aprender de forma aplicada, experimentada e significativa. As experiências demonstram que sem a oportunidade de aplicar as competências apreendidas, sem atribuir significados às mesmas, estas poderão não ser devidamente incorporadas pelas crianças e jovens. Por isso, na Aula de Convivência crianças e jovens são implicados/as na gestão e resolução de conflitos reais, na discussão e partilha de emoções, no conhecimento dos seus interesses e necessidades, de modo a obter-se o resultado pretendido. A prática revela que crianças e jovens que participam desta nova estratégia ou metodologia emergente, além de construírem novas possibilidades de resolução dos seus conflitos, têm a oportunidade de reconstruir as suas relações e de se reconstruirem a si próprio ao nível emocional e social.